Nove anos depois de descobrir que tinha o vírus da Sida, Ângela Paqueto já não receia falar do problema. Infectada numa transfusão de sangue, esta penichense contribui para que o concelho tenha o maior número de seropositivos por habitante no distrito.
Destak/Lusa destak@destak.pt
“Ao início foi muito difícil aceitar, depois fiquei mais conformada” conta à agência Lusa a operária fabril de 44 anos, que contraiu o VIH/sida numa transfusão de sangue quando há nove anos foi operada à coluna.
“Foi um balde de água gelada e assim que me disseram que tinha sida caí para o lado”, recorda esta mulher seropositiva, casada e mãe de um filho.
Há sete anos à espera que o seu caso seja resolvido em tribunal e com o vírus sem evoluir, Ângela limita-se a seguir a terapêutica para levar o seu dia-a-dia “dentro da normalidade”, graças ao apoio do marido, que não é portador do vírus.
“Ele reagiu bem à situação porque o médico lhe explicou como é que eu tinha contraído o vírus e desde há nove anos que nunca mais fizemos nada sem preservativo”, explica.
Contudo, nem sempre os dias de Ângela foram pacíficos, em parte devido à discriminação de que diz ter sido vítima no seu local de trabalho, que a fez muitas vezes baixar os braços.
“As minhas colegas perguntavam ao médico se podiam sentar-se ao meu lado, não tocavam nos tabuleiros que eu fazia e a própria chefe da fábrica pôs-me três pares de luvas nas mãos”, conta.
Ângela é um dos 138 casos de Sida diagnosticados em Peniche, concelho com a maior prevalência de casos por cada 100 mil habitantes do distrito de Leiria, de acordo com dados do Centro Epidemiológico de Vigilância de Doenças Transmissíveis, a que a agência Lusa teve acesso.
“São pessoas com comportamentos heterossexuais”, caracteriza Joana Marcelino, coordenadora da Acompanha - Cooperativa de Solidariedade Social de Peniche, que há dois anos iniciou o projecto “Atelier de Família”, destinado a prevenir a sida junto de escolas, de população que se prostitui e de toxicodependentes de todo o concelho, mas também a acompanhar seropositivos, cerca de três dezenas durante este ano.
A maior prevalência de casos em Peniche justifica-se, segundo a responsável, por ser “um meio pequeno e fechado onde existe troca de parceiros sem se protegerem”.
Por outro lado, os técnicos da associação “têm feito um grande trabalho de prevenção e sensibilização e essa sensibilização passa muito por levar as pessoas a realizar o teste do HIV/Sida” num concelho onde há cada vez mais portadores do vírus da Sida.
De um total de 912 em todo o distrito, 138 foram diagnosticados até Junho de 2009 (em 2005 eram 107) em Peniche, o segundo maior concelho a seguir a Leiria com mais casos de Sida.
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